domingo, 29 de novembro de 2009
genealogia de uma ferida
depois de um tombo
machucada pela podre insistência em ser bela; lanhada pela mania de ir por mim; tropeçando devido ao querer se combinar
incômodo maculado
Mancha alguma traduz a sujeira insolúvel das impossibilidades que teu descuido impôs.
Doação de sentido não forma caráter
escapes neuróticos
reinventar os amigos imaginários
saída desesperada
do gratuito
falível e perfeito
psiquiatra imaterial
mudando de face
e tom
de acordo com as demandas
do doente
penas de uma paixão
definitivos rompimentos
miragem dessa imensa tristeza
para buscar
no ritmo da pulsação
a sã alegria
de viver
longe do homem
que tanto me aflige
sem tensão
um sentir menos que a brisa
na luz plácida
solitária
das inquietudes
que não mais o pertencem
esquecer
a índole desapaixonada
do burocrata
incapaz de transgredir
preescrições
proíbe a si mesmo
em sua
egoísta
egóica
fechada
lei
deixar-se descontruir
doar seu tempo
buscar o gozo
entregar desnecessariamente
prazeres sem preço
plenos de valor
sem reconhecimento
arcar com o descaso
sorrindo
ao caso perdido
devido à misérias
jamais provadas
por quem se rende
no giro
dos que amam
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Aos quarenta
A vontade do teu pai. O coração dos justos. A leveza de quem cumpre. A alegria de quem ama. O carinho da tua mãe. A presença dos amigos. As cores do sol. As graças das chuvas. O respeito à Terra. A dedicação aos livros. Os cuidados com a casa. A felicidade de quem goza. A tranqüilidade de quem não teme. A beleza de quem casa. A delícia dos que copulam. O sabor escolhido. O fado, o daimôn, o carma. O espaço sagrado, o parceiro destinado. As bênçãos de Deus. O corpo de todos os dias.
Em honra ao casamento do Max.