Para machucar a si mesmo basta perder o prumo. Sapatos errados ajudam. Calçadas irregulares favorecem. Coisas reais nunca estão completamente submissas à linguagem. Lanhões acontecem à revelia dos passos, ainda que simplesmente caminhar já presuma riscos. Basta seguir adiante para estar sujeito a hematomas e fissuras conseguidos no encontro brusco da carne seja no chão, na parede, na coisa dura que o peso fez rasgar. Permeável, a pele arde. Flexíveis, os músculos cedem. Descontroladas, as articulações torcem. Quebráveis, os ossos podem partir. E a alma, que pouco sofre com essas vulnerabilidades, fragilizada, chora o corpo que por muito pouco não a sustenta.
domingo, 29 de novembro de 2009
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