terça-feira, 29 de dezembro de 2009

um charuto é mais que um charuto

Esquecido na caixa caruncha. Guardado tempo demais perde o sabor. Uma vez acesso, em contato com a pele, pode machucar bastante. Fumado cumpre o seu destino de proporcionar peculiares prazeres orais.

Mesmo que seja MESMO um cachimbo

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

hora Clau

teu tempo deste de graça
porque sem preço
são os prazeres
as alegrias e o gozo
dos mistérios
não estruturados
em trabalho
e vendas

http://www.vendomeutempo.blogspot.com

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

órteses

  1. A carne não merece sacrifícios. Somente por amor compensa o corte. Estirar a pele, costurar os músculos, do que adiantaria senão manter o estado amável para seu amor? Próteses, solução para a forma, são mais que uma questão de bom funcionamento, por mais que sejam construídas para preencher a função. Funcionar só tem razão se for amando.
  2. Mas onde está o amor senão no contato, que mesmo verbal sempre e sempre se encarna?
  3. A carne se resolve, o coração nunca.
  4. Quanto mais se precisa menos se tem.
  5. Para não precisar só esquecendo do quanto precisamos.





Nipple with Diamond
Cindy Sherman
1990-1991

Photograph, Chromogenic print
13 x 8 1/2 inches

conclusão

o peso está na ordem do silêncio que por amor se julga ocultar simplesmente porque a mortificação das horas faz com que os frêmitos do corpo sejam abrandados por palavras que somente nos distanciam

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

de direito

escolher livremente
causas e efeitos
determinismo simultâneos
flechadas para sempre
tiros irreversíveis
questões instáveis
assimetrias efetivas
probabilidade quântica
n posições
liquidação da certeza
condições imprevisíveis
consistência interpretada
perspectiva humana
possível alternativa
chão sólido
a observar quedas
perfeitos movimentos
sem significar
liberação harmônica
na dissonância que nos abate
arrebatando
a pequenez da vida
no amor que tu me negas

Funções

Exato somente o toque desejoso e desejante que faz a vida de um corpo compensar as penas que ter um organismo implica. Os órgãos não valem o que pesam, apenas o que fazem funcionar e o que funciona é muito mais do que as organizações que ancoram a vida no corpo que provisoriamente a abriga.

cérebro

diagramas muito mais complexos dos que os traçados entre retas e círculos
esquemas nada lineares
estares espiralados
mal barroco
no corpo a se contorcer
das camufladas serpentes
em asas angelicais

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

pedaço antigo

Como sujeito, não posso me colocar senão aqui, neste lugar, em frente ao computador com o editor de texto aberto, neste exato momento do dia ou da noite, e não posso ser sem estar em alguma hora dentro de algum lugar. Perante o universo e todos os possíveis poliversos que redimensionam nosso absolutismo galáctico, meu ser em um lugar no tempo e no espaço não é nada. Porém, para mim, humana inútil na grandeza da imensidão, isto é tudo e todo o meu possível universo são as horas que vivo e os espaços aonde convivo. E mesmo atribuindo sentido às infinitas dimensões cósmicas e transcósmicas de universos não imagináveis, o sentido verdadeiro da minha vida é este estar constante em um corpo condicionado a verticalidade e horizontalidade das coordenadas vitais. A linearidade das coisas, por mais abstrata que seja, é o que nos dá sentido e nos torna humanos e nos conduz a direção de uma ideia simbólica de destino. Esta busca por uma retidão existencial cria a necessidade de um poder operador da linearidade, o qual geometriza a natureza de acordo com a vontade do Homem. Esta humanidade, produtora de sensos e significações, talvez seja uma resposta à desgeometria do caos, aonde nada tem sentido, direção e muito menos linearidade.