paixão sempre

A dor se cola ao pior do cristianismo, fundo moral que cultua o sofrer como idéia de salvação. Fazer das dores paixões liberta do sofrimento que toda moralidade traz. Com paixão se faz arte. Sem arte melhor morrer.

o palestrante

na camuflagem

do terno e da gravata

garantia de invisibilidade

bombardeado de clichês

o homem fala

e convence

porque seu desejo

tomam

como o bem

da humanidade

Túmulo de casal, 1994. Cimento, massa corrida, flores de plástico, fotocópias adulteradas com grafite. 35X50 cm. Fotografia de Nico Giugliano. A foto de eu homem foi tirada pelo meu pai, Claudio Menna Barreto. A foto de eu fêmea pertence a um dos ensaios em que servi de modelo para Marcos Lemos, um colega de Instituto de Artes que não sei do paradeiro. Ele era nosso DJ oficial do Centro Acadêmico. Este trabalho fazia parte de meu projeto de graduação, foi exposto na Galeria João Fahrion do MARGS e no Mea Culpa, em abril e na primavera de 1995.

Que te importam os entraves tolos que estás louco para quebrar?

Quem não faz, teme.

ode às curvas e todas as reentrâncias

Misantropia responde à violência. Vergonha é o modo menos ressentido de nos sentirmos tristes com o que outras pessoas fazem. Se nada fazem por nós, obviamente não deveríamos fazer nada a elas. Mas como jamais nos enquadramos, essas pessoas nos ferem, mesmo não fazendo nada.

suspensão masoquista

Maldade me privares do teu corpo. Vil, esse teu hábito de nunca me buscar. Sem prever os períodos de distância, sem anunciar nada, sempre mantendo esperanças que evitam tudo ser encerrado.

rosário de pecados

Desejar é querer engrandecimentos? As Fúrias vêm vingar os deuses. Toda roupagem fenece. A nudez é sempre atacada. Acatada, a Virgem se esquenta. Sem dobras, não se sustenta. E sombra é onde o tecido impede a passagem de luz. Um gnomo embaixo do manto não faz mal a ninguém. Um gato farejando pode sujar a cama. Só chatos ligam.