domingo, 26 de abril de 2009

Elegância ideal

Beleza é uma idéia muito estreita. É preciso emagrecer e se perder nas futilidades das juventudes para caber dentro dela.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

termos proscritos

Magia: palavra com raiz indo-européia que deriva do grego magikós, adjetivo dado ao que enleva, afeiçoa e afeta, usado posteriormente no latim como magis, “mais, antes, preferencialmente”. Na Idade Média passa a designar as práticas e doutrinas dos “magos”, nome de origem persa para sacerdotes que detinham conhecimento dos números e de alfabetos. Ligada a saberes não decifrados para grande parte da população, essa concepção de magia fornece subsídio etimológico para “magistrado” e “magistério”, embora seu termo seja empregado para designar acontecimentos cujo curso e efeitos não estão previstos na ordem natural, modificam o que é esperado ou escapam à compreensão (no caso, dos povos europeus que disseminaram tal uso terminológico). Até o século XVIII, antes da definição enciclopédica que segmenta o conhecimento humano, arte, magia e ciência eram palavras usadas para um saber que, via o clero, entendia-se como Universal. No processo racionalizante da Era Moderna, o saber que tinha relação com cultos populares começa a ser empregado junto a palavra “magia”, que recebe o sentido de superstição “pouco ilustrada”, embora apareça como algo pertencente ao “campo da imaginação”, dentro do qual, segundo o diagrama de Diderot, inserem-se às Artes. Seguindo impulsos contrários aos preceitos doutos que elegem uma forma específica de saber nomeada então “ciência”, torna-se adjetivo capaz de exprimir as potências do sensível e de sensações inexplicadas que envolvem a fruição de obras.

Prestidigitação: habilidade de criar ilusões que fazem o espectador ver fenômenos naturalmente impossíveis, confundindo o olhar via dispositivos específicos para produção de truques, rapidez nos gestos, agilidade na ação e efeitos luminosos. Advém de “presteza dos dedos”, possivelmente aludindo à capacidade humana em modificar as coisas com as próprias mãos, de modo que o conceito de prestidigitação extrapola o truque do mágico para implicar transformações na paisagem natural e nos corpos que a habitam.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Mundo injusto

O que mais dói é a impossibilidade. E quem sempre faz mais do que é possível sofre demais com o que todo seu esforço não alcança. Desejos realizados são destino. Trabalhar para a realização deles é necessário, mas há sortes que nenhum trabalho bem feito simplesmente justifica. Sucesso é merecimento, mas constante falta de espaço e escassez de recursos só pode ser explicada como azar. O tempo vai passando e o melhor trabalho vai ficando soterrado nas urgências de instituições que pouco provêm os que as seguram funcionando.

sábado, 11 de abril de 2009

é uma obra de arte

foi só um jogo
brincadeira
sem querer



No atravessamento de uma aula preparada com as defesas intuitivas do pintor Kandisnky, o excesso de citações e considerações teóricas de Gillo Dorfles, os questionamentos de Arthur Danto, a esquizofrenia de Bia Medeiros e uma pitadinha de Barthes, o Roland. Sol, céu azulíssimo sem nuvens, sábado de aleluia, mar pertinho... mas nada pode existir quando a pessoa, mesmo de aniversário, precisa trabalhar. Na maior parte das vezes o mundo se resume a uma sala de aula.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Dos meios culturais “elevados”

Arrogância fere. Descaso estraçalha. Interrogações só fazem sentido se estiverem acompanhadas de palavras. A ignorância demanda intervenções. Desrespeito é a pior forma de admitir o que se ignora.

domingo, 5 de abril de 2009

No retumbar de ScriptuRIRe


No retumbar de ScriptuRIRe

Escuto o trilili dos teus guizos, vindo montada em coisa que não sabe bem que bicho é. Tralalá, Rei Cavalinho, upa-upa na brincadeira. Rainha Torta. Tudo coberto, não dá para ver o que tem embaixo dos panos. Vem ela vestida com tecidos grosseiros como mortalhas. Foi mesmo enterrada. Posta na lama. Depois de viajar na trupe do Circo, na garupa do Crico, viver de mexerico. Isso antes de lutar contra um exército de repolhos. Ou seriam brócolis? Beterrabas para fingir sangue, cenouras para enfiares no olho fiofuzento que te atola de merda até o pescoço. De comer atrás do armário. Dormir na palha. Pouco importa, tudo mesmo vai para a sopa. Essa que derrubo, ainda quente, sobre tua cabeça. Que ainda consegue ver para acertar o bolo cheio de merengue na minha cara. Virei um monstro que vai te atacar com um milhão de aceleradas cosquinhas. Quem vai limpar toda essa meleca? As dezessete vassouras da lagarta de cem pés. Que vai até o centro do picadeiro, quem diria, para peidar! Estratosfericamente. Só porque é feriado. E quem diria, na hora do espetáculo, a centopéia vai estar grávida. Dentro dela se movem homens de cara marcada e macacões. Queriam que ela parisse burros. E não é que no meio da cambada, lá estava o jumento, calçado com quatro congas? No meio delas passa o anão, que quer tirar vantagem do palhaço. Na cara dele, uma flor jorra água quando o outro se dobra. Para ouvir o que o anão não diz, mas em seu ouvido grita: “você está me esmagando com esse sapatão!”


Escrito em setembro de 2007. Esse texto é um dos vários desdobramentos (outro é gráfico, outro são versos, outro são pareceres oficiais) da pesquisa de Mestrado, examinada por mim tanto na qualificação como no resultado final, abaixo designada:


ALUNO: Luciane de Campos Olendzki - luquerubim

ORIENTADOR: ?????????????????????????????????

DISSERTAÇÃO: Palhaçar: uma patética-poética por rir