terça-feira, 30 de junho de 2009

educadores

essa precariedade nos anula
num modo de filosofar que não convence
e nessa realidade
sucumbimos
aos que discursam
publicados
sem despender a vida
no desgaste
escolar
barulhento
das salas de aulas

rotinas

Os dias passam enterrados nos compartimentos destinados ao ensino. O brilho verde ouro nas folhas pela janela e o zumzum das vozes que trabalham. E o sono, carregando as pálpebras de quem observa, faz a testa pesar e o barulho ficar distante. O tempo transcorre lento. As costas clamam por chão. As cores dentro de uma escola, mesmo bem agasalhadas, neutralizam qualquer vibração. Só a cor lá fora, recortada na janela, vive. Nas classes, a vida fica encarcerada na mão que o lápis ou a caneta faz pulsar.

Depois de mil horas

Esse excesso de gritos agride o ar. Os palitos plásticos de centenas de pirulitos emporcalham a terra onde nem mais grama nasce. Os socos recorrentes mostram o quanto são bichos e, confinados no espaço, não conseguem conviver. Os papéis que toda hora voam são sua necessidade de caça. E a dificuldade cada vez maior de se dar uma aula a prova cabal de que a escola não funciona mais.

a coisa mais triste que se aprende na docência

Só consegue dar aula quem sabe meter medo.

educação

As pessoas pedem, pedem, pedem, exigem, querem e NADA fazem além de reclamar. Os pedintes esgotam os que fazem porque, por tudo correrem a fazer, sequer pensam em pedir. Talvez porque, mesmo tendo pedido alguma coisa, essas mal foram atendidas. Quem nunca ganhou nada de ninguém, vai atrás. Quem pede e recebe tudo aquém do mínimo exigido, desiste de pedir.

Auto-suficiência é um defeito de quem perdeu a confiança nos outros. Não confiar depende das exigências que criamos, tanto para si como para o resto. Sem exigir, melhor seria não ter “evoluído” para as normas e retidões da civilização.

A má-vontade dos homens se deve ao fato de terem deixado de serem bichos e ainda não terem conseguido ser outra coisa que não horríveis humanos. Fazendo parte dessa humanidade hoje na escola aporrinhando matérias que seria melhor ignorarem. Enquanto os que amam sua matéria não conseguem dela cuidar e viver bem seus estudos, pois precisam policiar corpos que não querem nem saber o que as matérias têm a dar. Tudo porque hoje não são permitidos mais escravos. Nesse mundo onde todos são servos, os que amam o mundo e toda matéria que pode se conhecer dele, vivem sob o jugo de hordas que, por ignorância quista, o destroem. Ao invés de cuidar da arte dos que da Terra deveriam ser Senhores, se acham senhores de si mesmo e não respeitam nada. O projeto educacional libertário moderno está acabando com a terra com a tola pretensão de que qualquer um pode. Só deveria ser alguma coisa aquela que respeita o ar, a terra, as plantas, os animais, as águas e o fogo divino da vida que nos aquece.

povo

As caras se repetem. Traços reincidem. A humanidade varia sobre as mesmas possibilidades.

massas

em sua agressividade monótona, irritam a si mesmas

Homens ditos “superiores”

Mesmo que existam, por serem homens e se acharem além dos outros, não são super em nada. Apenas as mulheres que amam desesperadamente conseguem superar as limitações da humanidade. É a mulher dentro do homem que faz com que qualquer humano ultrapasse os medos, as raivas e as ansiedades que tornam os homens abomináveis.

miserable way of life

Grávida tardia, com cabelo estragado de tinta. Prenhe e cheia de rugas. Ganhando pouco. Sem chance outra que não a de sentir que é loira.

encudação

Trabalho docente tende a matar o poema
No cansaço da mente, o esgotamento do corpo
arte e vontade aniquiladas
Resistimos. Porque há de melhorar.

a prova que nada prova tudo aquilo que se vê

reprovada

quando as intensidades rumam para outros corpos

um pequeno texto que afeta vale mais que uma tese extensamente bem fundamentada