domingo, 30 de março de 2008
o homem comum
a mulher ideal
quarta-feira, 26 de março de 2008
terça-feira, 25 de março de 2008
todos os segundos
segunda-feira, 24 de março de 2008
gente sem arte
sexta-feira, 21 de março de 2008
sexta-feira santa
um bicho
dito sujo no nojo infundado
talvez por ter pulgas
e ser cinza
comer ovos onde galinheiros não há
ou simplesmente jamais se domesticar
é morto a pauladas
que importa se já agonizante
sob os olhos de quem
sem vê-lo
agraciadamente o recebeu
e sem baques
apanha junto
no escárnio alheio
por seu sofrimento
maior que o do pequeno roedor
canino que seja
mas tão grande
como a crueldade humana
que dói em toda a terra
ao maltratar a vida
mortificada ainda respirante
porque assim uma cultura exige
quinta-feira, 20 de março de 2008
Concretôneo
quarta-feira, 19 de março de 2008
DOR
terça-feira, 18 de março de 2008
noite em casa com crianças
domingo, 16 de março de 2008
Da primeira aula do seminário
terça-feira, 11 de março de 2008
Escolha seu traste
sexta-feira, 7 de março de 2008
razão para o impensável
Não pensar acontece quando estamos nos limites das forças mais brutas, sexuais e domésticas, e o corpo, cansado de esfregar e trabalhar para obter satisfação, não ajuda a mente a selecionar as melhores palavras. Porque, uma vez crianças, deixamos nos inundar. Sem visão para medir os riscos não nos preocupamos com a sujeira. Não respondemos pela ordem, pelo asseio geral e tampouco pela limpeza. Conosco, crianças incorrigíveis por volta dos quarenta anos, certa harmonia não se conquista.
Temer a infantilidade nossa de todo dia não adianta, só dormindo a criança nos deixa em paz. Silêncio desconhecido ao quase-velhos insones que não sabem o que tanto pula sem achar palavras que digam o que é.
quinta-feira, 6 de março de 2008
terça-feira, 4 de março de 2008
no desentendimento
Entre baratas mortas e montes de pó de cupim. Em dia de chove e não molha quando tudo fica suspenso e nada se resolve. Mágoas que somente lágrimas podem limpar. Tal qual criança fazendo manha de medo do escuro. O que dói é não te saber ao meu lado. Junto. Dentro e fora de peles menores que as almas que as circundam. Tudo o que é difícil de elaborar e precisa de tempo não serve para fomes desesperadas. Devorar-se só é bom depois do banho.
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O que se limpa nunca é da nossa conta. Dizer tudo o que vêm a cabeça é pura vontade de fusão. Mas não escolher o que o outro quer ouvir pode ser um desastre. Meio narcíseo expressar o que se sente sem pensar como isso vai ser impresso alhures. Tipo de egocentramento suficiente para produzir culpa. Se ecce homo soubesse o que move as palavras que se escancaram...
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Culpa individual é castigo impingido por culpado ulterior.
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Os deuses castigam porque invejam a perfeição. Milagroso é trabalhar. De preferência a língua dentro da boca.
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Tua boca. Única.
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Desistir somente quando nos soubermos incapazes. Lei dos fortes que medem com vontade suas capacidades. Não basta ser sagaz para se conseguir os frutos, é preciso estar capacitado para abri-los. Com facas, dentes e garras.
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Tens a sagacidade para colheita; eu tenho a prataria para o banquete.
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A paciência é necessária. O problema é que ela sempre se atrasa.