terça-feira, 4 de março de 2008

no desentendimento

Entre baratas mortas e montes de pó de cupim. Em dia de chove e não molha quando tudo fica suspenso e nada se resolve. Mágoas que somente lágrimas podem limpar. Tal qual criança fazendo manha de medo do escuro. O que dói é não te saber ao meu lado. Junto. Dentro e fora de peles menores que as almas que as circundam. Tudo o que é difícil de elaborar e precisa de tempo não serve para fomes desesperadas. Devorar-se só é bom depois do banho.

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O que se limpa nunca é da nossa conta. Dizer tudo o que vêm a cabeça é pura vontade de fusão. Mas não escolher o que o outro quer ouvir pode ser um desastre. Meio narcíseo expressar o que se sente sem pensar como isso vai ser impresso alhures. Tipo de egocentramento suficiente para produzir culpa. Se ecce homo soubesse o que move as palavras que se escancaram...

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Culpa individual é castigo impingido por culpado ulterior.

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Os deuses castigam porque invejam a perfeição. Milagroso é trabalhar. De preferência a língua dentro da boca.

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Tua boca. Única.

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Desistir somente quando nos soubermos incapazes. Lei dos fortes que medem com vontade suas capacidades. Não basta ser sagaz para se conseguir os frutos, é preciso estar capacitado para abri-los. Com facas, dentes e garras.

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Tens a sagacidade para colheita; eu tenho a prataria para o banquete.

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A paciência é necessária. O problema é que ela sempre se atrasa.

Um comentário:

Alex Primo disse...

Paola, gostei muito dos teus textos e aforismos! :-)