quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

xamânica

na primeira tragada mandei embora um sonho
com a fumaça expelida
orei
pelos espíritos famintos
que a misericórdia atende
enquanto o índio
saudável
esse conceito ignora
pois
nada diz
do que tinha como virtude
e jamais viu
algo assim
no mundo pálido
que o devora

cansei do branco das paredes, do gris cimento e quase negro asfalto, essa apatia das pastilhas, ainda que todo dia seja preciso render culto para a santidade das lajes, ó pisar no planificado, sem o qual uma mulher jamais poderia erguer-se em saltos
de unhas feitas, esmaltadas
ser civilizado é ter superfícies a limpar
as tintas são grandes invenções, já a parede reta é só uma simplificação de carpintaria
pintar é primeiro
construir reto uma maneira de facilitar as coisas
mesmo que o gosto ame contornos
e exija rodopios

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