sábado, 2 de fevereiro de 2008

leve como pluma

Quem junta tudo o que se espalha? Uma violência sutil. Quem recolherá as roupas? Sentida quando a máquina creditada essencial quebra. Quem preparará os alimentos? Entregas sagitais. Quem tira a sujeira do chão? Leituras caprinas. Quem lavará o box? Exposições aquarianas. Quem desencardirá os panos? Chip queimado. Quem limpará as aberturas marcadas? Neurônio nulo. Quem lavará a louça? Reiniciações indevidas. Quem costurará os rasgos? Crônicas ridículas. Quem recolherá brinquedos? Ignorância de novos textos. Quem vai tirar as cacas da geladeira? Erros de salvamento. Quem molhará as plantas? Arquivos perdidos. Quem limpa o fogão? Doses cavalares de força de vontade. Quem cortará as frutas? Lágrimas porque a lista é longa. Quem guarda os pratos? Saco para se livrar das malas. Quem dobrará as blusas? Beijo para apaziguar as dores. Quem varrerá a casa? Fugas para encontrar o que mais foge. Quem estenderá as camas? Surras nossas de todo o dia. Quem conferirá a conta? Sentar é um luxo que alguém não pode se dar. Quem amarrará as alças? Tarefas de departamento. Quem levará o lixo? Ginástica para agüentar. Quem baterá o bolo? Dores precisam ser suplantadas. Quem podará as moitas? Tabefes do corpo nos móveis. Quem atenderá o telefone? Demandas absurdas. Quem marcará consultas? Morrer é a única maneira de descansar. Quem leva e traz fulano, sicrano e beltranices? Frustrações bestas. Quem penteará cabelos? Dever de esquecer. Quem atenderá as crianças? Ninguém por trás da ação. Quem cobrirá os inocentes a dormir no frio? Pressão eterna. Quem fechará as portas? Alívio somente quando apagam as luzes. Quem polirá os vidros? Capricho não é coisa que se preze. Quem fará arranjos para alegrar a vida? Ainda não ficou bom. Quem tirará o pó? No descompasso do tempo as horas estrangulam aqueles que as contam.

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