quarta-feira, 15 de setembro de 2010

bicho

que se esvai na água que não tem, num cheiro que não abriga, perdido em dores que não me dizem, espremido, ai que falta, em noite de lua limpa e bastasse que leve embora mas nunca chegou para poder ir, não veio como ninguém vem, vazio de sangue próximo culpa de cheiros inexplicados pela desculpa em tanto não estar e deixar essa solidão tomar conta quando o corpo sozinho não pode se mover e tudo dói num desconforto que precisará recuperar forças sem os acalantos das mãos que deveriam estar estendidas mas na imensidão celeste de ninho despovoado voam como pássaros que nada consolam a raridade do carinho, as palavras que deixam de ser trocadas, o cuidado que só existe para quem não concerne os lençóis desabitados dos que mesmo amados jamais recebem alguma atenção

Nenhum comentário: