domingo, 16 de novembro de 2008

inaptidões

Não poder voltar, nem desistir: o que acontece com quem segue adiante. Nova vida é o delírio dos que não tem filhos e pode mudar como quiser. Virar outra coisa já aconteceu com quem pariu. Perder a si mesmo é o destino de quem ama seus rebentos além dos laços uterinos. Filhos de todos os tipos, de leite, intelectuais, adotivos, sanguíneos, absorvem a vida, sempre a mesma, das mães. Fantasias são luxos para os quais este estado de coisas não tem recursos. Espaço para acolher todos é sonho num mundo cada vez mais confinado, onde os amores sufocam uns aos outros, as crianças existem para escravizar os pais e quem se coloca no lugar do outros vê a gravidade de cada desespero. Sem beijos, longos abraços, pratos feitos em casa, frutas bem lavadas, salada cuidadosamente preparada, roupa limpa passada, panos desencardidos e vassoura com pano úmido perfumado para levar embora o pó de todo dia nada fica leve. Isso não vai mudar nunca, esperar por outra vida só não tendo começado essa.

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