Teu café passado, teu toque profundo, teu molho vermelho e esse cheiro que apazigua tudo e mantém minha vida em pedras e mel que nunca deixas faltar. Se as flores morrem, dois meses depois renascem. Morrem novamente, para me obrigar a nunca esquecer. O que consertas não é meu coração, mas tudo o que está pelo caminho para estraçalhar meu corpo ainda mais. Com teu conserto, balde de gelo e champanhe, o que resta inteiro vislumbra, ainda que sob uma pilha de trabalhos a serem desbravados valentemente em pleno recesso, alguma possibilidade de gozo. Esse que desaparece no excessivo responder a cento e setenta no triturar insano de uma máquina que se diz instituição. Algo impossível para teus bem sucedidos arranjos e curadoras operações. Não fosse essa incurável vontade de fazer arte, tudo seria mais simples. E as forças dionisíacas se contentariam com espumantes, cebolinha bem tostada e um negrão bem forte, preto mais que básico, todo dia a me levantar. Convicta de abandonar a ceia, a barroquinagem de mil talheres, as natas e os molhos e decidir com teu apoio que todos comeremos com as mãos. Ainda bem que compraste descartáveis guardanapos. Por sorte, ainda não desistimos completamente de ser índio. Pré-históricos pós-modernos ciber, cultuamos ervas das Guinés, não passamos sem arábicos sabores e ainda enchemos o lombo de curry. Não vai sobrar, mas pelo menos suspenderemos o mundo que nos chama a toda hora por uma noite e encheremos a cara de brinquedos somente porque, cafeína na veia a parte, uma vez na vida precisamos nos divertir. Acendam-se as luzes, salve David Bowie, o presépio é pura Madonna, presentes e presenças que se danem. Só tu e teu fuck you podem salvar o dia, os aparelhos avariados e as paredes duríssimas de serem furadas.
Para o homem cuja proximidade dos quarentas anos fez uma águia crescer no peitoral.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
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