terça-feira, 25 de maio de 2010

Nada de novo. Só o tom, aquele típico de quem luta para fazer valer o seu discurso desde o fim- do mundo. Geográfico. A dor platina. Mulher a ambivaler direitos. Nada se sacraliza. A pureza não garante imolação. Aplicação racional que fabrica os cadáveres convertidos em gente. Depende da alimentação. E das horas de computador. Os anos de imersão tecnológica. Os pontos obtidos em interfaces amigáveis e coloridas. Num clique posso ler todo seu pensamento. Espremo os músculos para lembrar o quanto não sou o que escolho para meu monitor. Excluo perfis para ser alguém vista em carne e de frente. Vida perdida em imagem luminosa inútil. Corpo que te fez imaginar a pessoa que hoje quase sabes que não sou. Tudo velho. Mas a cada instante que em minha mente vives outro te tornas. O mesmo. Sempre outro. Cada vez mais calvo. Cada vez menos instável. Inseguro. Nasceu e morrerá gaúcho. Só que o tempo te faz algo que não eras quando te conheci. Tudo já foi dito. Mas nada dissemos sobre o quanto nos transformamos sem mudar muito a forma. Na substância infinita dos Tratactus que ainda não me dissertastes. Sem beijos, apenas palavrinhas tocadas em tela. Nesse amor que arrasa sem morte, numa vida sem idas para Patagônia. Num sentimento indissolúvel que me obriga a escrever os fluxos e a endurecer para sempre contra o desejo salutarmente insano do teu toque. Nada de novo.

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