O bailarino desenvolve técnicas do corpo. Mestria de movimentos, virtuosismo ósseo-muscular. Na leitura se movimenta muito mais do que ao se olhar uma dança. Na perversão do texto, dizer do corpo reduz o que nele pulsa em olho-boca-mão. Os genitais são apenas imaginados. O espírito flutua, o coração bate. A pele arde ansiosa pelo toque. Um corpo atua. As pessoas erram. Crê o senso comum que uma técnica, uma vez dominada, evita o erro. O corpo em texto trai as verdades que uma narrativa pressupõe. Reinvenção da cena na desfuncionalidade cênica. Caracterização frouxa de personagens que não tem cara. Procedimento de bricolage, também assemblage. Transcrição. Transcriação. Atravessamento do corpo outro onde qualquer corpo se estende. Expandido em si, ao dobrar-se num limite que somente para si reconhece. Sem conhecimento daquilo que seu invólucro não tange. Qualquer ponto de vista nunca se fixa mesmo quando a visão estabelece a fixidez de determinado lugar. Andar como despedaçamento de Dioniso, deus sempre Cristo. Corpo-processo. Que quando procede perde o retumbar que o faz dançante. Vibra. Mas para tinir na harmonia, precisa se exercitar, aparelho que não consegue deixar de ser. Desaparelhado, continua a se montar nas sutilezas sopradas junto a seu perdido nome.
Nenhum comentário:
Postar um comentário