terça-feira, 10 de janeiro de 2012

No tempo das eletrolas


Os cânceres se alastram

na insuficiência dos corpos


As libélulas perambulam

na gratidão da chuva

que despencará


tenho medo do êxito da bomba


No fundo dos armários

as baratas se acasalam

indiferentes ao beijo

da agulha no disco



Lembrei desse poema de mil novecentos e eu era jovem porque encontrei som de eletrola lendo a dissertação do Leonardo Garavelo Martins Costa, Uma vida em palavras. Amanhã levarei essas linhas na defesa lá na Psico Social. Eu não sabia que minha mãe, que certamente não leu esse poema, morreria mais de dez anos depois de eu começar aquele livro de poesias do período pós-adolescente e pré-vida sem tempo de professora e mãe que intitulei PLÁSTICO (impublicado). Morreria por causa de um câncer...

Um comentário:

A Sobrevivente disse...

A ameaça atômica era real!