sexta-feira, 18 de abril de 2008

de quem pelo menos tenta

sei que a escrita não faz com que me ames, sei que esculpir o corpo não é o suficiente para que me desejes, sei que árduo trabalho e paciencioso acúmulo de riqueza não adiantam nada, sei que o melhor ambiente não te tocará, sei que as melhores frases do mundo em nada te transformam, sei que te fechas a tudo isso que em mim transborda, sei que não podes suportar a falsidade do poema, sei que toda perfeição que por ventura minha vida atinja não será o bastante para entrar em teu livre esculhambado perdidamente tolo inseguro tosco disparado aleatório patologicamente indefinido
coração
saber é inútil, correr pode fazer bem para os pulmões mesmo acabando com os joelhos, pentear os cabelos não os ordena nos dias de muita umidade, tirar cutículas é fazer com que nasçam cada vez mais, tirar pêlos é só para ficar mais lisa, usar saltos altos provoca calos, passar frio porque se esquece o casaco é para matar, esperar tua chegada é a pior idiotice de cada dia de uma vida que não se resume aos nossos encontros, amar é tolice, ficar junto é bom, perder tempo com romances impossíveis somente porque se ama literatura e pouco se tem de um corpo desejado que não vale nada além do abraço que raramente nos dá
se eu fosse um pingo bonita talvez tudo fosse bem diferente, embora em nada garantido

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