Uma
imensidão, muita terra, horizonte amplo, terra e terra de mato e campina.
Estradas de chão, mato, casinhas, a felicidade de Lupicinio podendo entrar no
peito e ficar. Fartura fotográfica. Itacolomi ao longe, morro do Chapéu, toda a geografia do Gravataí estendida num
olhar. Difícil relatar intensidades que não cabem num roteiro. Uma sede de
alvenaria, quase nada dentro, uma chave que não se conseguiu. Pessoas simples,
fortes abraços. Um jovem, por compromisso, traz o som. Crianças, um galpão de
madeira, crucifixo, alegres crianças receptivas. Pia sem água. Primeiro dia de
sol depois de muita chuva. No estio, jovens desaparecem. Conversas em roda,
apresentações. Dificuldades que as
desculpas não nos trazem o tamanho. “Talvez tenham ficado sem roupas para vir”.
O problema, nos diz o líder, é só quererem saber de televisão. E o saber vem de
uma programação aberta, essa que não temos visto há mais de quinze anos... como
saberemos de seus saberes? A suposição de que o problema dos jovens era excesso
de redes sociais supôs aquilo que se põe no estreito horizonte de nossas ruas
densas e casas apinhadas. Os jovens que eu tenho não são aqueles jovens de lá.
Mas não há certezas. Largar os planos, não ter mais nenhuma hipótese,
improvisar com o que se apresenta. Nunca tinha usado a Teia como mote assim,
para dizer da arte a partir de algo que há mais de vinte anos põe a arte em questão.
As crianças fizeram acontecer. A boa vontade dos adultos é gigante. A chegada
dos livros, a intervenção da Clô, tudo animado e providencial. A tela de
projeção é uma toalha branca com suave textura. Sem o Davi teria sido
impossível sincronizar vídeo e som. Apesar de muitos testes, inclusive com o
projetor emprestado pela Teresa, tudo sempre
certo, a apresentação animada no meu computador inexplicavelmente tranca. Sem
toda minha experiência em escola básica poderia ter sido desesperador, mas isso
é nada para quem já deu aulas para gente de 13 anos em ex-banheiros, em salas
improvisadas embaixo de escadas, sentindo as dores do parto. Seguimos como dá,
os entusiasmados infantis, os interessados em ajudar e os que pedem que algo
novo aconteça por lá. Três jovens calados perante a muitas crianças e
pré-adolescentes que se encantam e interagem até com palavras complicadas dizem
muito. O tempo que esperamos para começar pareceu muito perto do tempo, não contado,
em que tudo se desenrolou. Só os dez minutos de vídeo, que para Naia pareceram
muitos. Ninguém lá sabia quem era Philip Glass. De repente até para mim o som
ficou terrivelmente estranho, inadequado. De qual planeta viemos? Pequenas
grandes aprendizagens. A música chamará pessoas, talvez com um show os jovens
venham. “Gostamos de música nativista”. Arrumamos o espaço, recolhemos o
equipamento. Esqueceram de oferecer o bolo, mas comemos um pedaço, contrariando
prescrições. As bananas que ganhamos, deliciosas. Não fui dar uma aula, não fui
dizer o que é arte, fui aprender. Pego enxada para fazer um canteiro de jardim,
mas pouco sei de lavouras e de mãos calejadas que não percam os calos depois de
quinze dias só teclando. Sempre acho que poderia ter dado muito mais, mas como
“a senhora tem que voltar”, isso apenas parece um começo.
Era para ser a primeira oficina de um ciclo. Não sei se foi. Era para ser Arte e suas conexões diversas.
Ministrante: Paola Zordan e
colaboradores (alunos Artes Visuais/UFRGS)
Público alvo: jovens da
comunidade, entre 12 e 17 anos
Número de participantes
previsto: 25
Data e horário: 27 de maio,
das 14h até 17h
Materiais necessários: giz,
carvão, projetor, som, vídeo, música e TEIA
Momento 1: performance,
sonora visual (15 min)
ppt animado – 7 min
palavras disparadoras
GEOPOÉTICAS - fazer – pensar – matéria – relações – aprender
– corpo - transformação – alargar – descobrir – MICROPOLÍTICA - aglutinação –
demonstrações - movimento – conexões
- desejo – vontade – colaboração
Entrada
dos corpos performando sobre a projeção – imagem da TEIA – 3 min enredamento da
TEIA na ação – 5 min
Momento 2: apresentações em roda- (30 min)
Breve
explicação da obra teia, seu modo de uso e abertura de possibilidade para quem
quiser intervir na superfície ao longo da conversa/ Apresentações dos
participantes: nome, idade, o que gosta, interesses - incluindo Naia, Paola,
demais Propsperartianos e acadêmicos das Artes Visuais que estiverem presentes.
Momento 3: dando corpo a proposta – (20
min)
Apresentação
da proposta dos encontro com ARTE pela Naia – 5 min
Palavra-chave:
INTENÇÃO
Incumbência:
registrarem suas ações e produções em câmeras diversas
Atividade: escolher um nome para o rol
de Oficinas e Festival de encerramento em dezembro. Os jovens escreverão os
nomes sugeridos com giz sobre superfícies lisas pelo entorno da roda. Os nomes
serão listados e será feita uma votação.
Momento 4: concepções de arte - (40 min)
Tarefa: mostrar onde há arte nos espaços
da comunidade. O grupo se dividirá em equipes de acordo com os proponentes e
cada objeto ou espaço será registrado – 20 min
Atividade: voltar a roda e mostrar os
registros. Conversa das razões pelas quais tais produções, objetos e espaços se
tornam arte.
Momento 5: criação de uma página do projeto
- (1h)
Ainda
em roda, propor a publicação dos registros e aprendizagens das oficinas, assim
como registro da exposição final. Decisão de que mídias usar (facebook,
twitter, instagram, google +).
Criação
da conta.
Divisão
de tarefas para a manutenção da página.
Publicação
dos resultados da primeira oficina.
Momento final: apreciação da página e
anúncio das oficinas que virão – (15min)
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