terça-feira, 13 de junho de 2017

NOVO HORIZONTE




Uma imensidão, muita terra, horizonte amplo, terra e terra de mato e campina. Estradas de chão, mato, casinhas, a felicidade de Lupicinio podendo entrar no peito e ficar. Fartura fotográfica. Itacolomi ao longe, morro do Chapéu,  toda a geografia do Gravataí estendida num olhar. Difícil relatar intensidades que não cabem num roteiro. Uma sede de alvenaria, quase nada dentro, uma chave que não se conseguiu. Pessoas simples, fortes abraços. Um jovem, por compromisso, traz o som. Crianças, um galpão de madeira, crucifixo, alegres crianças receptivas. Pia sem água. Primeiro dia de sol depois de muita chuva. No estio, jovens desaparecem. Conversas em roda, apresentações.  Dificuldades que as desculpas não nos trazem o tamanho. “Talvez tenham ficado sem roupas para vir”. O problema, nos diz o líder, é só quererem saber de televisão. E o saber vem de uma programação aberta, essa que não temos visto há mais de quinze anos... como saberemos de seus saberes? A suposição de que o problema dos jovens era excesso de redes sociais supôs aquilo que se põe no estreito horizonte de nossas ruas densas e casas apinhadas. Os jovens que eu tenho não são aqueles jovens de lá. Mas não há certezas. Largar os planos, não ter mais nenhuma hipótese, improvisar com o que se apresenta. Nunca tinha usado a Teia como mote assim, para dizer da arte a partir de algo que há mais de vinte anos põe a arte em questão. As crianças fizeram acontecer. A boa vontade dos adultos é gigante. A chegada dos livros, a intervenção da Clô, tudo animado e providencial. A tela de projeção é uma toalha branca com suave textura. Sem o Davi teria sido impossível sincronizar vídeo e som. Apesar de muitos testes, inclusive com o projetor emprestado pela Teresa,  tudo sempre certo, a apresentação animada no meu computador inexplicavelmente tranca. Sem toda minha experiência em escola básica poderia ter sido desesperador, mas isso é nada para quem já deu aulas para gente de 13 anos em ex-banheiros, em salas improvisadas embaixo de escadas, sentindo as dores do parto. Seguimos como dá, os entusiasmados infantis, os interessados em ajudar e os que pedem que algo novo aconteça por lá. Três jovens calados perante a muitas crianças e pré-adolescentes que se encantam e interagem até com palavras complicadas dizem muito. O tempo que esperamos para começar pareceu muito perto do tempo, não contado, em que tudo se desenrolou. Só os dez minutos de vídeo, que para Naia pareceram muitos. Ninguém lá sabia quem era Philip Glass. De repente até para mim o som ficou terrivelmente estranho, inadequado. De qual planeta viemos? Pequenas grandes aprendizagens. A música chamará pessoas, talvez com um show os jovens venham. “Gostamos de música nativista”. Arrumamos o espaço, recolhemos o equipamento. Esqueceram de oferecer o bolo, mas comemos um pedaço, contrariando prescrições. As bananas que ganhamos, deliciosas. Não fui dar uma aula, não fui dizer o que é arte, fui aprender. Pego enxada para fazer um canteiro de jardim, mas pouco sei de lavouras e de mãos calejadas que não percam os calos depois de quinze dias só teclando. Sempre acho que poderia ter dado muito mais, mas como “a senhora tem que voltar”, isso apenas parece um começo.  

Era para ser a primeira oficina de um ciclo. Não sei se foi. Era para ser  Arte e suas conexões diversas. 

Ministrante: Paola Zordan e colaboradores (alunos Artes Visuais/UFRGS)
Público alvo: jovens da comunidade, entre 12 e 17 anos
Número de participantes previsto: 25
Data e horário: 27 de maio, das 14h até 17h
Materiais necessários: giz, carvão, projetor, som, vídeo, música e TEIA

Momento 1: performance, sonora visual (15 min)

ppt animado – 7 min
palavras disparadoras

GEOPOÉTICAS - fazer – pensar – matéria – relações – aprender – corpo - transformação – alargar – descobrir – MICROPOLÍTICA - aglutinação – demonstrações  -  movimento   conexões  - desejo – vontade – colaboração

Entrada dos corpos performando sobre a projeção – imagem da TEIA – 3 min enredamento da TEIA na ação – 5 min

Momento 2: apresentações em roda- (30 min)

Breve explicação da obra teia, seu modo de uso e abertura de possibilidade para quem quiser intervir na superfície ao longo da conversa/ Apresentações dos participantes: nome, idade, o que gosta, interesses - incluindo Naia, Paola, demais Propsperartianos e acadêmicos das Artes Visuais  que estiverem presentes.  

Momento 3: dando corpo a proposta – (20 min)
Apresentação da proposta dos encontro com ARTE pela Naia – 5 min
Palavra-chave: INTENÇÃO
Incumbência: registrarem suas ações e produções em câmeras diversas
Atividade: escolher um nome para o rol de Oficinas e Festival de encerramento em dezembro. Os jovens escreverão os nomes sugeridos com giz sobre superfícies lisas pelo entorno da roda. Os nomes serão listados e será feita uma votação.

Momento 4: concepções de arte - (40 min)
Tarefa: mostrar onde há arte nos espaços da comunidade. O grupo se dividirá em equipes de acordo com os proponentes e cada objeto ou espaço será registrado – 20 min
Atividade: voltar a roda e mostrar os registros. Conversa das razões pelas quais tais produções, objetos e espaços se tornam arte.

Momento 5: criação de uma página do projeto - (1h)
Ainda em roda, propor a publicação dos registros e aprendizagens das oficinas, assim como registro da exposição final. Decisão de que mídias usar (facebook, twitter, instagram, google +).
Criação da conta.
Divisão de tarefas para a manutenção da página.
Publicação dos resultados da primeira oficina.

Momento final: apreciação da página e anúncio das oficinas que virão – (15min)

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