segunda-feira, 18 de agosto de 2008

com Barthes sem possibilidade de fuga

O texto não tem fio. Tem linha. Porque é desenho. Tecidos dão o pano. Nunca uma trama. Textos dão a obra. A roupagem apenas a glorifica. Precisamos de espelhos porque não vivemos mais sem olhar o que vestimos. Humanos. Criadores de peles, adulteradores mor de superfícies. Bichos cavocadores. Fêmeas a caça. O texto é bio, lógico, cultural, idiota, trágico, besta, hedonista e redondo. Faz circular a vida de quem dialeticamente o traça, quase sempre dentro das amarras de uma dada linguagem cultural. Simplesmente para o bel prazer de quem escreve, por mais estúpida e mal remunerada que uma escritura seja. Trágica porque arrasta o fora, sem códigos e regras, para dentro do pensamento. Instintivamente, por mais identificador que o texto seja. Ele é o que o cérebro desenha após uma leitura. A trama apenas o reveste como produção personalizada. E a máscara criada junto a ele é aquilo que o autor assume para encarar a vida.

O fio não tem código, o traço codifica. O corpo-cérebro decodifica porque sua vida mesma criou nomes para tudo que aprende. Aprender o já aprendido é sobrecodificação. Descodificar aprendizagens é pesquisa educacional. Apesar de que pesquisar a educação seja muito mais do que simplesmente pensar textos.

O texto vem das pessoas e sempre acaba indo muito além da vida encarcerada nos limites dos corpos que ele cita, recita e incita. Sem o corpo, despessoalizado pela própria atividade tessitural que ler e escrever vidas cria, é impossível existir um texto.

Eterno retorno de expressões e palavras, o texto não apenas refaz o corpo como inventa a paisagem onde este corpo se desloca. E, como tudo na terra, dá voltas.

Fugir, só morrendo. Não há mais Terra sem essa casca textual.

Testar a morte é abolir as palavras.

Alguém consegue?

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