domingo, 3 de agosto de 2008

medicina dos espaços

Sofrer pela feiúra arquitetônica das coisas é um mal que distingue as pessoas pelo gosto. Querer morrer porque o mundo está cada vez mais feio é doença que abate crias de urbanista. Tentar melhorar o que está feito é delírio de austríaco “pode crê”. No Brasil, só em finais de semana. É usar sucata e fazer sozinha o que europeu dispõe para cinco pedreiros. Pagos. Fazer o que quiser das portas e janelas é ir contra as convenções dos condomínios. Para convencer vizinhos os artistas apelam. Nem fazendo palestra de graça citando todos os exemplos do “primeiro mundo” muda a cabeça tosca quem tem beges tomados como bom tom. Quem teme cores mata aos poucos os que precisam variar sempre. O mundo parece que pertence a quem não ama os arco-íris de nossas cinco peles: derme, roupa, casa, cidade, planeta. De castanho já bastam os cabelos, de ocre, basta o corpo pútrido dentro do esquife. Tudo acaba mesmo em marrom. Melhor preservar a pureza do magenta e esquecer os milhões que ignoram o quanto é importante um arquiteto. Deus não importa, mesmo quando crêem que ele tenha projetado tudo o que estão a destruir.
Sem Hundertwasser esses termos não caberiam nas palavras que trago para expressar náusea pelo que andam fazendo com a paisagem. Salvo meu irmão, http://www.concepcaoarquitetura.blogspot.com, meu pai e seus colegas. Sem Arquitetura as composições aqui expressas em tela eletrônica não existiriam.

Um comentário:

Talita disse...

"beges tomados como bom tom"

repetitiva concomitância
dias atrás surgiu no meu caderno:

"mais que amarelos, são amarelinhos, daquela estirpe baixa próxima ao bege, palavra feia"

beijos