terça-feira, 9 de março de 2010

livre

que toda dança com e sem Clarices e mistérios e tropicálias embaladoras dos deixados para trás espermatozóides ao vento do ainda jovem meu pai violão dos atabaques ao longe e esticado tambor de guerreiro que não teme bisturis e mão no sangue e criança saindo e cordões cortados e lágrimas de amor perdidas em abraços com muito osso e vinho tinto e manjericão com cheiro fraco e lista de tarefas e boca inconsistente e minha mãe pó na água carinho fofo nunca mais e vômitos de bacalhau e festinhas de diretórios e rodinhas de cabeludos e gravuras compradas para ajudar artistas com muita castanha e licor e gérmen de trigo no leite de manhã cedo antes das provas de ciências e namoradinhos de todos os tipos num quarto cor-de-rosa e até que enfim cortinas de voal e mogno e carneiras que são quadros e paspatu que mofam e revistas empilhadas no gabinete cheio de livros que a neném quer aprender principalmente os mapas coloridos e as fotografias de gente pintada e as conchas em vidros do tio mergulhador do fundo do mar que também quer ser e ainda astronauta para conhecer o espaço e os planetas e ver a terra de fora e o desfile de bandeiras e bonecas de todos os lugares do mundo e as lindas canções assobiadas junto ao piano desafinado embaixo das unhas vermelhas da madrinha que não parece bem vovó mas dizem que é tal índia e tal punk e suas tintas à óleo cheiros excentricidades de uma quase velha eternamente fêmea que partiu roxa com ódio da morte dizendo para niquinha que a vida é só trabalho e já dizia a Florisbela bisavó Sinhá que uma casa é o túmulo da vida e defunto não requebra e as criadas mais atrapalham e os panos precisam estar limpos e as abóboras refogadas e se de hora em hora deus só melhora eu que recitando escrevo poemas que nenhuma geração desiste só quero saculejar, saravá

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