quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

AZAR

falhas em máquinas essenciais
novos sistemas para dominarmos
em poucos minutos desconhecidas interfaces
muita roupa chuva
correndo atrás de mantimentos
que outros consumirão
porque corpos exigem alimento
até o molho perder o ponto
pé torcido
arquivos perdidos para sempre
ofensas
entre quem se ama
palavras duras
críticas nossas de todo dia
ajuda esperada nada
crianças não atendidas
apoio, só pagando
nenhuma pegada boa
das que fazem a vida valer a pena
ninguém para conversar
língua mastigada
o chão nunca fica limpo
arranhões e hematomas
que não se sabe de onde vieram
pouco sono
plantas sem água
combinações insustentáveis
trabalho a ser refeito
desesperos para aplacar
baixar a cabeça
esquecer
tocar as desgraças que cabem
porque alguém se exprime
e azucrina
quem gostaria que lhe compreendesse

Não ser valorizado é o preço de se trabalhar incansavelmente com vistas à perfeição. Que nunca é a mesma do outro. Oprimir-se pelos valores alheios é idiotice. O que não dá é conviver com quem avalia produções na ralé do dito “chique” acabamento. No deslumbre das publicações dominicais. O que dá para o gasto não está nas vitrines que esta gente despende. Por mais que se elabore compras, não se consegue o êxtase que consumo algum pode trazer. Vestem pouco gosto na qualidade duradoura do material, no pastiche de uma sofisticação só encontrada naquilo que, por vontade, se cria.

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