só amar desinfluentes
fundir-se com insignificantes
imergir
na obscuridade dos milhões
cuja vida
ninguém assiste
a ponto
de seus pensamentos
sequer existirem
o que é ser importante, se o que importa
para comportar alguém
no mundo impresso
expresso a muitos
televisivamente
implica redes
contatos
e oportunidades impossíveis
a quem
em casa, em aulas, em trabalho
em amores
absorve-se?
E o que mais importaria, se não a família, os estudos, as obrigações para bem se ganhar a vida? Só o amor?
O quanto perde-se vivendo tudo isso?
Somente a chance de criar uma obra.
Grandes Obras são egoísmos.
É possível alguém ser feliz sem ser egoísta?
Somente quem pensa a obra ministerialmente, de modo a ser professada, ministrada. Quem precisa expressar mistérios, quem sem arte sucumbe, dana-se. A única saída é fazer tudo o que o Ministério exige e ainda insistir na arte que nos faz mais vivos. Ela será muito pequena, quase invisível, mas molecular a obra se erguerá. Pouco vista, mas viva como qualquer outra.
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