os deuses escutam o que não queres me dizer
para sussurrar sem voz, no balanço das nuvens
tuas humanas confusões
cheias de vaidades
e por isso tão receosas
para chegarem até mim
os deuses riem de nossos planos
e fazem troça do meu sofrimento
por tua beleza tão relativa
devido a um corpo que sempre escapa
ainda que divino sejas quando me tocas
sagrado viscoso em sua pureza secretante
os deuses se enfurecem com nosso gozo
a suplantar a miséria que nos depositaram
então criam mágoas e desavenças
fazem chamados serem perdidos
inseguranças achadas em cada palavra que não se diz
os deuses padecem também
sangrando em lavas nossas desventuras
lacrimadas de temporais
endurecidas no frio cortante
das geleiras com as quais pareces conservar
teu fugitivo coração
que só os deuses
sabem como bate
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