... numa perspectiva pós-nietzschiana para mães, professores e todos de quem são exigidos pelo menos um olhar, que perdem a potência quando crianças choram de fome e adoecem de frio, amados precisam de carinho, familiares pedem atenção, empregadas só funcionam com muita instrução, a casa requer manutenção, o carro revisão, a instituição cumprimento de tarefas, alunos clamam por orientação, pareceres e dicas e os demais partículas vitais inspiradoras.
Trabalhar sete dias por semana. Nem Deus. Só esse corpo magisterial burocratizado doutoral maternal doméstico com todos seus inevitáveis erros e acúmulo de funções. Somente superando as limitações divinas, e fazendo das tarefas diversão, agüenta. Salvar-se da vida de Sísifo é consertar os furos e ter fé de que a cada instante os potes ficarão novamente cheios. Porque há multidões que ali vem saciar a sede e banhar-se na água acumulada. O que não dá é chorar quando alguém derrama a água que trabalhosamente neles foi colocada. Mandar buscarem sua própria água parece mais difícil do que encher o pote, que a maioria sedenta traz sempre quebrado e vazio, louca para culpar quem os tem cheio. Amar os Sísifos incorrigíveis é missão cristã. Encher os potes pelo prazer do gozo alheio é dionisismo disfarçado em caridade. Erotizar a labuta é o mínimo.
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