terça-feira, 3 de junho de 2008

Semiologia indiagnosticante

Testosterona vicia. Falta de esperma tira o viço. Crise de abstinência é pura tristeza. Estados tristes só existem porque o corpo assim os cria. Tristeza é desejo insaciado. Nem todo desejo é físico, mas todo o físico precisa de desejo. Fisiologia feminina não tem regras. As regras viraram instáveis sangramentos controlados medicamentosamente. Medicamentos não satisfazem. Satisfação só depois daqueles beijos. Chocolate mascara vícios virtuosos confundidos com amor. Sentimentos espermáticos necessários e imprescindíveis para alegria incriável que existe porque o corpo exige outro corpo e não qualquer corpo apenas aquele corpo cúmplice inteiramente habitável em todas as concavidades bem vindas porque assim fisicamente almas gozam na junção invisível de hormônios em funcionamento. Gozo é sempre alegria, mesmo quando faz chorar. Há lágrimas que são dor e antevisão do separar dos corpos. Há líquidos não lacrimais regando o físico de estrógeno progesteronado que tem menos poder que as endorfinas morféticas que põe homens a dormir enquanto suas mulheres pensam na possibilidade de suicídio. Adiposidades protegem de pensamentos trágicos. Idas à geladeira apaziguam a insaciabilidade amorosa, aparentemente curada com leite, baunilhas e açúcares. Querer morrer é não embeber-se de santo sêmen todo dia. Disfarce seminal em carboidrato afasta cada vez mais o físico de textura certa, os cheiros do paraíso e a troca arfante de gases, águas e mínima oxigenação. Saudade de homem pode matar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Visceralmente potente. Palavras que escorrem por entre corpos pulsantes de afecções. Corpos insanos, altamente excitados que na sudorese de suas epidermes buscam, no que pese suas desmesuras mortíferas, a vida em sua plenitude.

Belas palavras, menina visceral.
Fábio Parise