segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

egos

Ninguém agüenta mais um só segundo o narcisismo desses eus que não funcionam. Apenas uma vaga imagem para se idealizar a carne. Lidar com isso não é fácil. Porque queremos uma segunda pessoa canonizada em signos óbvios onde se possa despejar o mais agudo desejo. Desvendar o íntimo da figura ideal é fetiche inevitável. Saber seus segredos, descobrir aquilo que a torna humana e menos imaginada. Não para acabar com a idolatria, sim para estar mais perto da carne intocada, almejada antes pela qualidade eleita como cânone do que pela vida que pulsa inatingível num corpo como qualquer outro. Eleger um corpo, escolher um eu para adorar, aspirar, sonhar. Mesmo sabendo que isso não serve, que só funciona para aprisionar o desejo em imagens pré-estabelecidas.

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