segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

isolamento necessário

Ficar só é essencial. Mães, professoras, enfermeiras, impossível. Toda sorte de quem precisa cuidar de gente nunca consegue. Isolar-se. A parada óbvia para dar lugar ao pensamento. Desocupado das coisas, desligado de tudo o que prende o corpo em mera ação. Inativa. Essas tarefas repetitivas que levam almas para longe de si. Tiram mulheres de seus eixos, a funcionar maquinalmente afogadas em queixas. Sem viverem suas próprias vidas, viradas alunos, filhos, enfermos de todo o social. Corpo que cansa. Excesso de zelo, sem fuga exceto carregando-se de culpa. Não há desculpa. Apenas escravidão. Libertar-se? Somente no silêncio cultivado na raridade de uma hora que nunca se mantém. Enlouquecer é pouco. Sofrer não dignifica. Esquecer o outro é maldade. Ignorar a si mesmo acaba com a potência. Nenhuma saída será suficiente sem solitude. Solicitude solitária, sem a qual nada se pode. Precisar dos outros é ruim. Ser necessário é pior. Quem usa nunca percebe. Quem se doa acaba doído. Cair fora é direito.

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