quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

vai

calma, corre
sem pressa
e nem querer chegar

acalma
os horrores
que todo fado mostra
e
abraça
o monstro
maculado
velho
que existe
só para
te devorar

esquece
o medo, o mundo e tudo
o que no giro
paralisa

acaba
a dor, a dúvida, a dívida
que divide
despedaça
destroça
demais

agora
quase te enterram

afasta
os fatos
falidos
que
te ferram

larga
na carga
das trombeteiras
na loucura
desse monte
de besteiras

lava
grudes
gosmas
corpos que malocam
cuspes
mágoas
poeiras que sufocam

lida
com todo badulaque
coisa querida
fruta mordida
essa doação eterna
de comida

cura
com chá
com choro
com receita
bem feita
casa
pétalas
caldas
cogumelos
framboesa
jasmim-manga
toda flor
castanha
sobremesa

limpa
e firma
carinhos
cheiro de lírio branco
banho de hortelã
beijos
beijões, beijinhos
lágrimas
sal
docinhos


volta
sem tormento
aos dias
leves
sem importância
que
antes dessa dor
eram infância

solta
o riso
o canto
a dança
o pensamento

vive
o farfalhar do vento
chocalho nas folhas
carinho em filhas
perdão de falhas
erros queimados
nos restos de presépio
palhas

cria
sem crenças
credos
de amor
sem definição

celebra
com gratidão
o fruto das vinhas
os assovios do sabiá
o descanso do sabre
a calidez crepuscular
até na hora apertada
onde rezar
não cabe

morre
sem murros
longe dos muros
mudado
o mal
a morte
amém

descansa
em paz putrefata
da sina ingrata
que uma imagem
abstrata
entende
como vida

3 comentários:

Anônimo disse...

Larga e gruda
Desmancha e borda
Cara suja, roupa limpa
De barro, de sabão

o que fica e
o que se espalha
dessa toda
mínima
despedaçada
vida


p.s.: começou por outro acaso, mas qdo terminei de escrever "desencontro", li e pensei em ti... as coisas proliferam... continuam trabalhando :)

beijos

Unknown disse...

Ahhhhhhh, me curas com teu orgasmo verbal!!!!!!

Anônimo disse...

vistes, não há como competir... és do mundo, és minha, és de todos... grande merda.