terça-feira, 4 de dezembro de 2007

escuta


Ouvir não é coisa fácil num mundo em que as sentenças estão submetidas ao olhar. Muito do que se escuta é esquecido. O que está escrito fica. Há interjeições bem vagas que criam atmosferas imprecisas. Esquecidas, permanecem numa indefinida impressão deixada pelo corpo. Mais vale o tom da voz do que a natureza do discurso. O que se imprime é canto. Somos tocados pelo som, não pelas palavras. Discursos correm mundo, não porque foram escritos e sim porque entraram em acalantos. Papai na roça, mamãe foi trabalhar e a criança, a ser assustada sempre, tem que dormir pois o bicho pega.

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